
Chegou ao fim a Trienal de Arquitectura de Lisboa.
Ao longo de dois meses intensos a Trienal de Arquitectura juntou largas dezenas de colaboradores, conferencistas nacionais e internacionais, entidades públicas e privadas, universidades portuguesas e estrangeiras, arquitectos, urbanistas, artistas, músicos, historiadores e especialistas de áreas profissionais muito diversas. Esta primeira edição lançou as bases para a constituição de um “Festival” de arquitectura capaz de motivar o interesse e a participação, tanto da comunidade local como do público internacional. Portugal contribui desta forma para a reflexão, o debate, prospecção e divulgação da arquitectura nas suas múltiplas formas de expressão, das contingências regionais à complexa realidade global.
Falar de Vazios Urbanos, tema central do evento, foi também pretexto para falar da cidade contemporânea e, paralelamente, da situação específica de Lisboa no contexto internacional. Os vazios, espaços de falha funcional e humana, são lugares reveladores dos imprevistos da cidade – uma outra cidade não planeada que agora descobrimos presente em todas as metrópoles europeias. O crescimento rápido ditou a falência dos modelos modernos de urbanismo, pois que não existe já um paradigma único capaz de anular os seus crescentes graus de incerteza. Questionar, reflectir sobre este novo território da urbanidade é algo para que também a arquitectura é assim chamada a participar.
Reflectiram-se, nesta edição, sobre os muitos modos como a mudança actual é, inicialmente, uma mudança de sociedade e só depois de cidade. O aumento da velocidade diminuiu o tempo mas aumentou as distâncias. A expansão tornou-se possível e com ela surgiram novas centralidades – “nós” que com o tempo se tornaram outros pólos de crescimento autónomo e multi-funcionalidade interna. Estas transformações têm motivado uma reflexão crítica em todo o mundo, pois que se exigem hoje soluções de governabilidade territorial que sejam capazes de antecipar a incerteza presente no fenómeno urbano. Também à arquitectura cumpre contribuir activamente para uma paisagem urbana melhor e mais humana, respeitando os seus vários conteúdos – entre os quais a dimensão ecológica que esta implica – e dando sentido aos seus vazios. O desafio é imenso e a todos diz respeito.
A Trienal de Arquitectura de Lisboa regressa em 2010.
More info on:
http://trienaldelisboa.sapo.pt/
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